O militar vai prestar esclarecimentos sobre possíveis omissões de conteúdos relacionados à articulação de um golpe de Estado
BRASÍLIA – A Polícia Federal (PF) convocou o tenente-coronel Mauro Cid para prestar um novo depoimento na próxima terça-feira (19). O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro foi chamado novamente para depor sobre seu acordo de delação premiada após os agentes recuperarem dados que haviam sido apagados de dispositivos eletrônicos do militar.
Os agentes irão questionar Cid sobre possíveis omissões de conteúdos relacionados à articulação de um golpe de Estado. A partir desse depoimento, a PF decidirá se mantém os benefícios da colaboração premiada do oficial do Exército. Ele havia se comprometido a dizer a verdade em troca de benefícios, como responder ao processo em liberdade.
O inquérito sobre a possível tentativa de golpe de Estado está próximo de ser concluído e encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos casos no Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa do militar sustenta que não houve omissões por parte de seu cliente, afirmando que ele apenas esclarecerá lacunas levantadas pelos investigadores.
Informações fornecidas por Cid em depoimentos anteriores e obtidas pela Polícia Federal em aparelhos apreendidos embasaram operações realizadas nos últimos meses. Uma delas revelou a existência de uma “organização criminosa” que teria atuado para tentar viabilizar o golpe e abolir o Estado Democrático de Direito.
O suposto plano de golpe de Estado, que envolveria Jair Bolsonaro, ministros e generais do Exército, tinha como objetivo impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manter o ex-presidente no poder. Segundo a delação de Mauro Cid, o plano incluía a elaboração de uma “minuta do golpe” e previa até a prisão do ministro Alexandre de Moraes.
A colaboração premiada de Mauro Cid é considerada central em outras investigações. Além da suposta trama golpista, ele já prestou depoimentos sobre fraudes em cartões de vacinação contra a covid-19, tentativas de se apropriar de joias recebidas do governo da Arábia Saudita, disseminação de fake news, entre outros casos.