Thiago Gomes Quinalia, ex-funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi demitido por abandono de cargo.
Ele é acusado de integrar a “Abin paralela”, uma organização clandestina suspeita de realizar monitoramento ilegal e disseminação de notícias falsas contra autoridades públicas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Essa estrutura paralela teria utilizado ferramentas avançadas de espionagem, como o sistema de inteligência First Mile, sem qualquer autorização judicial.
A tecnologia permitia monitoramento de dispositivos móveis, ignorando a necessidade de consentimento das operadoras de telefonia no Brasil, o que configura uma grave violação da privacidade e das leis nacionais.
Decisão judicial e contexto
A exoneração de Quinalia foi assinada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, após a ausência intencional do servidor por mais de 30 dias consecutivos, caracterizando abandono de cargo.
Antes disso, em janeiro deste ano, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), havia determinado busca e apreensão contra dez investigados, incluindo Quinalia.
Moraes, que estava entre os alvos de vigilância da Abin paralela, também determinou restrições aos investigados, proibindo-os de manter contato entre si ou com testemunhas, além de saírem do Distrito Federal sem autorização judicial.
Estrutura da Abin paralela
De acordo com a Polícia Federal (PF), a Abin paralela era dividida em cinco núcleos: Núcleo-PF, alta gestão, subordinados, evento portaria 157 e Tratamento Log.
Thiago Quinalia fazia parte do núcleo denominado “portaria 157”, cuja principal tarefa seria criar ligações falsas entre magistrados e políticos com o grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC). Essa estratégia visava descredibilizar figuras públicas e criar narrativas distorcidas.
Conclusão
Apesar das acusações e do amplo espaço dado pela mídia às investigações, é essencial destacar que ainda não há condenações definitivas ou provas irrefutáveis de todas as alegações feitas contra Quinalia ou contra a suposta “Abin paralela”.
Muito do que é noticiado parece mais uma tentativa de sustentar uma narrativa que demonize um grupo político específico, enquanto outros abusos cometidos por órgãos estatais permanecem intocados.
Além disso, é necessário cautela ao aceitar como verdade absoluta as conclusões de um sistema que, em muitos casos, opera sob clara orientação ideológica.
O risco de manipulação e instrumentalização das instituições para fins de perseguição política não pode ser ignorado, especialmente quando há uma evidente seletividade no tratamento dado a diferentes figuras públicas e seus supostos crimes.