O cientista político Christopher Garman, da Eurasia Group, criticou a decisão do governo brasileiro de combinar cortes de gastos com a ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR), considerando tal estratégia um “grande tiro no pé”. O governo enviou ao Congresso uma proposta visando economizar R$ 70 bilhões em dois anos através de cortes obrigatórios, impactando o salário mínimo e o abono salarial, com uma projeção de economia de R$ 327 bilhões até 2030.
Proposta de Isenção do Imposto de Renda
Outra medida anunciada pelo governo envolve aumentar a faixa de isenção do IR para salários de até R$ 5 mil, gerando um impacto fiscal de R$ 35 bilhões em perda de arrecadação. Em contrapartida, foi proposta uma taxação mínima de 10% sobre rendimentos anuais de R$ 600 mil. Garman observa que, embora a equipe econômica tenha conseguido demonstrar ao presidente Lula a importância de ajustar as contas públicas, a isenção do IR foi vista como uma resposta a pressões políticas.
Consequências Econômicas
Garman alerta para preocupações sobre a viabilidade financeira da isenção, que pode impulsionar o consumo e, consequentemente, a inflação, em contradição com os objetivos fiscais do governo. Ele destaca que tais medidas resultaram em um dólar mais forte e em maiores expectativas inflacionárias, complicando as perspectivas de redução de juros pelo Banco Central.
Cenário Externo Desfavorável
O cientista político também chama a atenção para um cenário externo complicado, influenciado por políticas do governo Trump nos EUA que aumentam a inflação global e valorizam o dólar, prejudicando economias emergentes como a do Brasil. Garman conclui que estas condições, aliadas às políticas internas, resultam em juros elevados, câmbio depreciado e mais inflação no Brasil, aumentando os riscos políticos para o presidente Lula nos próximos anos.
Conclusão
A crítica de Garman destaca a complexidade e os desafios enfrentados pelo governo brasileiro ao tentar equilibrar suas políticas fiscais em um cenário global adverso. As políticas econômicas do governo Trump, que aumentaram a inflação global e valorizaram o dólar, criaram um ambiente desfavorável para economias emergentes como a do Brasil.
A crítica sugere que, sem uma estratégia fiscal mais coerente e alinhada com a realidade econômica global, o governo pode estar caminhando para um cenário de instabilidade e incerteza.