Milei “evita” Lula no G20, com quem já teve intensa troca de farpas; relembre

19 de Novembro, 2024

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Notório apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente argentino já chamou Lula de “comunista” e “presidiário”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Argentina , Javier Milei , trocaram cumprimentos formais e frios nesta segunda-feira (18), durante a chegada ao G20 no Rio de Janeiro . A ação chamou a atenção dos internautas e reflete um histórico de polêmicas entre os dois líderes das principais economias da América Latina (veja abaixo).

Ao contrário do clima amistoso que marcou as interações de Lula com outros líderes, como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da França, Emmanuel Macron, o momento entre os dois presidentes foi distante. Milei, que segurava uma pasta, evitou qualquer tipo de contato físico com Lula, mantendo uma postura séria, o que contrastou com o comportamento mais caloroso com outros governantes. Veja:

Milei pode ser “pedra no sapato” de Lula. Isso porque o presidente visa conseguir protagonismo na cerimônia, fazendo com que o texto final do encontro aborde o combate à questão climática e à fome, porém Milei é contrário aos temas.

Os dois têm um histórico de conflitos públicos. Relembre as polêmicas:

Outubro de 2023 – As primeiras acusações de Milei

Enquanto ainda era candidato à presidência da Argentina, Javier Milei chamou Lula de “comunista furioso” e acusou o presidente brasileiro de tomar “ações diretas contra a sua candidatura”. Esse foi um dos primeiros episódios públicos de tensão entre os dois, que se intensificaria nos meses seguintes.

Do lado brasileiro, durante as eleições na Argentina, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a vitória do candidato preocupava o Brasil.

“É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. É natural isso. Preocuparia qualquer um. Porque em geral, nas relações internacionais, você não ideologiza a relação”, afirmou Haddad em entrevista à agência Reuters publicada nesta quinta-feira (19).

Novembro de 2023 – Acusações de interferência nas eleições argentinas

No segundo turno das eleições presidenciais na Argentina, Milei voltou a atacar Lula, desta vez sem apresentar provas, acusando-o de financiar a campanha de seu adversário Sergio Massa. Milei alegou que o presidente brasileiro estava interferindo diretamente na eleição argentina. Ele também chamou Lula de “corrupto” e “comunista”.

Por sua vez, Lula também fez declarações contundentes, dizendo que a Argentina precisava eleger um presidente que “goste de democracia” – um claro ataque a Milei, mas sem nomeá-lo.

Fevereiro de 2024 – Ações em apoio a Bolsonaro

Em fevereiro de 2024, Milei compartilhou em suas redes sociais publicações de apoio a Jair Bolsonaro e críticas a Lula. Um dia após um ato em São Paulo de apoio ao ex-presidente brasileiro, Milei reforçou seu apoio ao ex-presidente de extrema-direita, intensificando a fricção com o governo de Lula.

Março de 2024 – Lula cita Milei em discurso sobre democracia

Em março de 2024, em Porto Alegre, durante um evento político, Lula afirmou que a democracia no Brasil e em outros países estava em risco, citando especificamente Javier Milei e o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Em relação a Milei, Lula disse:

“Quem é contra o sistema hoje, que critica tudo, é o Milei na Argentina, até o Banco Central ele quer fechar, cortar tudo com o serrote.”

Essa declaração de Lula reforçou a polarização entre ele e Milei, principalmente em questões econômicas e políticas.

Abril de 2024 – Tentativa de reaproximação de Milei

Em abril de 2024, Milei fez uma tentativa de reaproximação diplomática ao enviar uma carta ao presidente Lula. Nessa carta, o argentino defendia a importância de um bom relacionamento entre os dois países. No entanto, Lula manifestou seu desagrado em relação ao conteúdo da carta, que chegou ao petista uma semana depois, e afirmou que não estava disposto a dar o primeiro passo em direção à reconciliação.

Junho de 2024 – Lula pede desculpas de Milei

Em junho de 2024, Lula comentou em entrevista ao UOL que Milei deveria pedir desculpas a ele e ao Brasil pelos ataques feitos ao longo da campanha.

“Ele falou muita bobagem. Só quero que ele peça desculpas,” afirmou o presidente brasileiro, reiterando sua insatisfação com o comportamento do argentino.

No entanto, dois dias depois, Milei rejeitou o pedido de desculpas e acusou Lula de ser “corrupto”. Ele afirmou: “Qual é o problema? É porque o chamei de corrupto? Por acaso não foi preso por corrupção?”.

Julho de 2024 – Novo ataque de Milei

Em julho de 2024, Milei fez mais uma provocação direta a Lula, chamando-o de “o perfeito dinossauro idiota” em uma publicação no X (antigo Twitter). Milei voltou a acusar o presidente brasileiro de interferir nas eleições argentinas e de fazer “tudo errado”.

Diante dessa nova onda de ataques, Lula cancelou uma viagem a Itajaí, em Santa Catarina, após saber que Milei confirmara presença em um evento em que Bolsonaro também participaria, o Conservative Political Action Conference (CPAC). Essa decisão foi vista como uma resposta direta à provocação de Milei, que se tornou um dos principais aliados de Bolsonaro.

Agosto de 2024 – Continuação das críticas públicas

A tensão entre os dois líderes continuou a crescer. Milei seguiu suas críticas públicas a Lula, enquanto o presidente brasileiro também fez questão de se referir a Milei de maneira crítica. Esses episódios de troca de ataques públicos continuaram a afetar o relacionamento entre Brasil e Argentina, principalmente em um contexto de discussões diplomáticas mais amplas.

Milei dificulta negociações do texto final do G20

O presidente Javier Milei se coloca como uma espécie de porta-voz da agenda internacional do soberanismo no grupo, erguendo bandeiras como a luta contra o “globalismo” e as organizações multilaterais e contrariando as principais iniciativas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Embora as conversas tenham avançado, a Argentina tem bloqueado o acordo em três questões chave: gênero, taxação de super-ricos e a Agenda 2030 da ONU — um conjunto de metas internacionais para o desenvolvimento sustentável. A informação é do portal “UOL”.

Historicamente, a Argentina não se opunha a esses temas. No entanto, o presidente Javier Milei tem alterado a postura do país, especialmente em relação a questões globais. Milei, que se declara “antiglobalista”, adota um discurso crítico a organizações multilaterais e à ordem mundial estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, considerando-a uma ameaça à soberania nacional e uma limitação à ação do Estado. Esse movimento é alinhado com a ideologia de Donald Trump, que defende um distanciamento das políticas globais e uma maior ênfase no nacionalismo.

Sob a liderança de Milei, a Argentina já recusou assinar dois importantes documentos do G20: um sobre igualdade de gênero e outro sobre desenvolvimento sustentável. Nesta segunda, o país foi o último a assinar o documento da Aliança Global de Combate à Fome, após ameaçar não concordar com o texto.

 

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