A bebê de 8 meses de idade que teria apresentado sinais vitais durante o próprio velório, havia sido diagnosticada com virose ao ser levada ao hospital, na noite da última quinta-feira (17). As informações preliminares são do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), que solicitou diligências para apurar as circunstâncias da morte da bebê.
Na primeira ida ao hospital, a bebê apresentava mal-estar e foi liberada logo após receber medicações e soro. Dois dias depois, na madrugada de sábado (19), a criança retornou ao hospital, onde teve a morte constatada.
Segundo relatório do MPSC, o médico disse à família que a causa da morte foi asfixia por vômito. A informação, no entanto, diverge da que consta na declaração de óbito: desidratação e infecção intestinal bacteriana.
A Polícia Científica deverá emitir um laudo para confirmar o que de fato houve.
– É precipitado, no momento, tirar qualquer conclusão sobre o caso antes da realização dos laudos, mesmo porque, apesar da presença de poucos batimentos cardíacos até o retorno da criança ao hospital, os bombeiros também constataram outros sinais compatíveis com a morte, como pupilas dilatadas e não reagentes e arroxeamento em algumas partes do corpo – relatou Marcus Vinicius dos Santos, promotor de Justiça da comarca de Lages (SC).
SOBRE O CASO
De acordo com a Prefeitura de Correia Pinto, a menina teria, inicialmente, dado entrada na Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli por volta das 3h de sábado, mas o atendimento realizado pela equipe plantonista do local teria constatado o óbito da criança. Por volta das 4h20, uma funerária foi chamada para realizar os cuidados com o corpo da menina.
– A gente recebeu atestado de óbito do médico, doutor me passou. Lá a gente passa na porteira do hospital, faz o protocolo de recebimento da D.O. [declaração de óbito], assina o nome do agente funerário, nome de quem retirou, o nome da criança e o nome da funerária que recebeu isso e levamos para a funerária – relatou Áureo Arruda Ramos, proprietário da Funerária São José.
E prosseguiu:
– A família foi em casa buscar roupa. Trouxeram a roupa, deu um bainho nela. Não tem a mesma preparação de um adulto. Vestiu a roupa, colocamos na urna. Por volta de 6h15 mais ou menos o corpinho estava pronto. Foram chamar a avó da bebê, que mora próximo do interior. Ficamos com a bebê. O velório começou 7h – completou Ramos.
O proprietário da funerária disse que voltou a ser chamado pela família da menina para o velório da bebê por volta das 18h, quando atendia a outro óbito na cidade vizinha de Lages. Segundo ele, os familiares relataram que a menina parecia estar viva porque apertava uma das mãos. Ele orientou que a família chamasse os bombeiros ou algum médico do hospital que declarou o óbito.
– Eu recebi uma ligação quando estava próximo a Correia Pinto dizendo que achavam que a bebê estava viva porque puxava a mãozinha do bebê. Parece que o bebê puxava uma mão, apertava a mão – disse.
Por volta das 19h, a prefeitura informou que a criança foi novamente levada ao hospital pelo Corpo de Bombeiros, com relato de sinais de saturação. A equipe médica atendeu a criança e voltou a constatar o óbito. No entanto, a diretora-geral da Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli acionou o Instituto Geral de Perícias (IGP), que realizará a análise e emitirá o laudo conclusivo da morte da menina.
O Corpo de Bombeiros, por sua vez, disse ter sido chamado ao velório por volta das 19h e relatou que os agentes constataram, ao chegar no local, que já havia um farmacêutico que usava um oxímetro infantil para verificar o quadro de saturação de oxigênio e de batimentos cardíacos na criança. Os sinais também teriam sido checados com o auxílio de um estetoscópio.
De acordo com os bombeiros, os batimentos da criança estavam fracos, mas existiam. A corporação também fez um teste nas pernas da bebê, e elas não apresentavam rigidez. Foi diante desses sinais que os agentes levaram a bebê ao hospital. Ao chegarem ao centro médico, conforme os bombeiros, a menina passou por novos testes, que resultaram em 84% de saturação e 71 batimentos por minuto.
Em seguida, a menina passou por um exame de eletrocardiograma, mas ele não detectou sinais elétricos. Em nota, a Prefeitura de Correia Pinto disse que, em nenhuma circunstância, qualquer profissional pode emitir atestados “sem a devida constatação das condições do paciente”.